Um condomínio vive de pessoas. Os empregados são o pilar que faz com que o prédio permaneça funcionando corretamente. Investir neles, portanto, é uma forma de melhorar a qualidade de vida do edifício ou conjunto e o bem-estar de seus moradores. Uma maneira de seguir essa linha é repensar o relacionamento do administrador e dos condôminos com aqueles que trabalham quase dentro das casas e que ajudam a manter o patrimônio coletivo em ordem.
Assim como acontece nas empresas, o síndico precisa buscar uma melhora permanente nas condições de trabalho dos funcionários. Não só porque quem está em um ambiente saudável e satisfatório trabalha melhor e de forma mais produtiva, mas também por uma questão de respeito e valorização de uma das partes mais relevantes de todo condomínio. Ao obter a confiança do empregado e transformá-lo em um aliado, o administrador passa a ter um parceiro para todos os momentos e em busca dos objetivos de toda a comunidade. Afinal, muitas vezes são eles que vão colocar em prática estratégias elaboradas pela administração.
Essa tarefa pode não ser tão difícil quanto se pensa. Condomínios geralmente possuem quadros enxutos – situação na qual é mais simples atuar em equipe com comprometimento, firmar um relacionamento e correr atrás das mesmas metas. Um dos fatores mais importantes na relação é a própria postura do síndico. Quem demonstra uma atitude frequente de boa vontade, bom humor e sensibilidade certamente vai acabar cativando o outro e nele terá um colaborador. O contrário ocorre se o administrador faz o estilo mão-de-ferro: ele acaba despertando o temor de seus subordinados, que passam a evitar o contato com receio de enfrentar seguidos atritos.
Diálogo
Ao fazer reuniões periódicas com os funcionários, o síndico põe a equipe a par das questões mais relevantes do prédio e das necessidades mais urgentes. A informalidade nessa relação desarma o outro de temores e cria uma empatia que logo vai se transformar em motivação e engajamento. Ao demonstrar atenção e ao não pensar no empregado como um simples executor de tarefas, surge uma reciprocidade que influi diretamente no desempenho do trabalhador em suas atividades. Outra dica importante é sempre dar um retorno ao funcionário sobre os serviços prestados – o chamado “feedback” – tanto em casos positivos quanto nos negativos.
Não só o comportamento do síndico, porém, influencia no bom relacionamento com os empregados. Nos prédios e conjuntos, ao contrário do que acontece nas empresas, há a figura do condômino, que acaba se sentindo como se fosse um patrão. Os mais exaltados podem tratar mal o funcionário, até mesmo descontando nele, ao chegar em casa, a ira por um dia ruim. Para evitar problemas do tipo e a consequente deterioração das relações de trabalho, a administração precisa estimular uma convivência respeitosa entre moradores e empregados. Deve ser determinado que só o síndico passe ordens ao trabalhador, a não ser em situações de emergência.
Ao pensar em todos esses fatores, uma série de transtornos comuns no dia-a-dia dos empregados tende a diminuir. Além da falta de motivação, ausências, afastamentos e a necessidade de refazer uma mesma tarefa devem sofrer queda. Até as chances de acidentes de trabalho e de litígios trabalhistas são reduzidas se o síndico presta a devida atenção em seu pessoal. Um bom relacionamento gera também uma baixa rotatividade no quadro de funcionários, o que provoca uma confiança maior nos empregados e elimina gastos com seleção.
Um relacionamento positivo e duradouro é feito de, além de integridade e ética, compreensão. À medida que o síndico e os condôminos notarem que o empregado tem problemas e necessidades tão parecidas com as deles mesmos, ficará mais fácil conviver e se unir na busca por um ambiente melhor. O funcionário, o morador e o administrador são integrantes de uma mesma rede que não será harmônica se um dos componentes não estiver adaptado e satisfeito.
Em dia com a legislação e o conforto dos funcionários
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), firmada entre sindicatos de empregados e empregadores, garante aos funcionários de condomínios residenciais e comerciais de Florianópolis uma jornada de trabalho de no máximo 44 horas semanais, além de pausa para repouso e alimentação de 15 minutos, intervalo para almoço de no mínimo 1 hora e água potável.
“Funcionário respeitado rende mais, isso vale para todas as categorias. Muitos trabalhadores em condomínio têm que trocar de roupa em banheiros das áreas comuns e fazer seus intervalos no salão de festas”, explica Rogério Correia, presidente do Sindicato dos Empregados em Edifício e Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis de Florianópolis/ SC.
No Edifício Linda Koerich, localizado no centro de Florianópolis, não é assim. Construído há seis anos, o condomínio é um bom exemplo de respeito aos funcionários. “Cumprimos integralmente a legislação, temos um apartamento no condomínio com banheiros, sala com armário para objetos pessoais, lavanderia, cozinha e sala para descanso nos intervalos, que foi planejado já na planta da construção com essa finalidade. Além disso, fornecemos uniforme completo e todos os equipamentos de proteção individual de acordo a necessidade de cada função”, explica Márcio Koerich, que ocupa o cargo de síndico a cerca de dois anos e meio.
O condomínio já passou por diversas fiscalizações de rotina por parte dos poderes municipal, estadual e federal sem jamais ser notificado. “Também estamos em dia com todas as exigências do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) do Ministério do Trabalho através de um laudo emitido por um engenheiro de segurança”, completa Márcio.
Em Balneário Camboriú, o condomínio João Sandri também reserva aos seus funcionários uma área com vestiário, armários e cozinha. “Também fornecemos uniforme completo aos porteiros, faxineiras e vigilantes, e observamos os intervalos de descanso e das refeições”, afirma o síndico Nelson Santos, que administra há seis anos um contingente de 120 apartamentos ocupados por moradores e veranistas.
Medicina e Segurança do Trabalho
Além das exigências legais quanto a alojamentos e intervalos, o Ministério do Trabalho ainda dispõe de normas regulamentadoras relativas à Medicina e Segurança do Trabalhador.
Entre elas está o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que determina a elaboração de um laudo técnico para avaliação das condições estruturais do ambiente de trabalho a fim de preservar a saúde do trabalhador. Outra norma a ser observada estabelece a execução do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) que, entre outras exigências, dispõe sobre a necessidade dos exames admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho após afastamento por motivo de doença ou acidente, de mudança de função e demissional.
Além desses, existe ainda a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), que dá poderes ao próprio empregado de fiscalizar e atuar na prevenção de acidentes e riscos à saúde. Para os condomínios com menos de 51 empregados é necessário ter apenas um funcionário, que irá se responsabilizar pelo cumprimento de metas previstas pela norma e deve receber treinamento anual para prevenir acidentes.
Fonte: Condomínio SC